Prosa e Poesia...
Semelhanças e diferenças...
Poderá um
prosador poetar?
Ou um poeta
"prosar"?
Osculos e
amplexos,
Marcial
******
Realmente é um papo interessante, tentando explicar
a diferença entre prosa e poesia...
Na realidade pode-se afirmar que todo prosador é um
poeta em potencial e vice-versa, mas o que realmente é exigível, é que tenha
uma verdadeira alma de escritor.
Antigamente essa diferença era bem acentuada, pois
a prosa sempre teve um estilo livre para ser escrita, ao passo que para
escrever uma poesia, era necessária a observância de certas regras de rima e
métrica, que tornavam a poesia quase que um exercício de matemática. Basta que
se considere a quantidade de prosadores e de poetas de antigamente (d’antanho
fica mais adequado...).
Por essa razão, os poetas eram exclusivamente
poetas, e os prosadores mais ainda, dedicavam-se à prosa.
Os grandes autores do passado, sempre seguiram seus
estilos. Por vezes fizeram algumas incursões em seara alheia, mas não
conseguiram desenvolver-se fora de sua especialidade.
As poesias sempre foram consideradas leitura de
elite. O vocabulário dos poetas sempre foi considerado pernóstico pelos
leitores não iniciados. As regras poéticas sempre exigiram o uso de palavras
consideradas “difíceis”. Para ler-se uma poesia, por vezes exigia-se um
dicionário ao lado. Por essa razão, apenas uma minoria mais intelectualizada
apreciava o gênero poético. Muitas vezes, sem entender o que o poeta quisera
dizer.
Contudo, com o correr do tempo, alguns autores
começaram a popularizar mais a poesia, trazendo-a ao alcance do público em
geral. E assim, as antigas regras poéticas a pouco e pouco foram sendo deixadas
de lado, chegando-se assim à rima livre. Para escrever uma poesia, há que se
ter sentimento. Sequer a famosa rima é exigível, e fica bem melhor assim, e os
poetas procuram em seu interior os temas a serem desenvolvidos. E como tem
surgido poetas. E como tem surgido lindas poesias.
Atualmente, pode-se considerar uma poesia como uma
mini prosa. Assim sendo, pode-se mesmo dizer que para um prosador escrever uma
poesia, basta saber sintetizar sua prosa, e dar-lhe um certo ritmo poético. E,
para um poeta escrever uma prosa, basta “inchar” sua poesia, desenvolvendo um
pouco mais o tema.
Portanto, prosa e poesia podem perfeitamente ser
escritas por um só autor, desde que tenha a sensibilidade necessária para saber
“sentir” as pequenas diferenças existentes entre ambos os estilos.
Poesias sempre dão um enlevo maior. Puxam mais para
o romantismo. São de leitura mais leve. Falam de amores, de desejos. Também
contam histórias breves, com um certo ritmo. São mini prosas. Sempre divididas
em versos curtos, e nem sempre rimados. Na poesia livre, não mais é necessário
observar-se número de estrofes. Os versos podem ser simplesmente soltos,
usando-se o que na época, se convencionou chamar de "licença
poética"...
Prosas são crônicas. São histórias. São estórias.
São temas mais desenvolvidos. Falam de amores, de desejos. São maxi poesias.
Hoje praticamente pode-se dizer que não há
diferença nenhuma entre escrever uma prosa e uma poesia. Basta que se tenha a
alma de escritor, a que me referi acima, e o que se pode apontar como
diferença, é apenas uma certa preguiça poetal. Nem sempre um poeta se dispõe a
desenvolver seu tema e escrever uma prosa. Nem sempre um prosador se dispõe a
procurar sentir em seu espírito a poesia que está dentro dele.
Assim, faço um convite aos amigos escritores. Aos
poetas, que experimentem descobrir seu lado prosador, e aos prosadores que
descubram seu lado poético, lembrando que o importante é saber explorar o
talento de escritor que existe dentro de você.
Dentro da poesia, existem algumas, digamos
“especialidades” que observam até hoje regras específicas, como as trovas,
sonetos, poetrix (este bem mais recente), alguns temas regionais, como desafio
e repentes.
As trovas são como que minipoesias com 4 versos,
formando uma estrofe. Os versos devem obedecer rima alternada, devendo-se
obedecer uma contagem silábica não totalmente definida, entre 6 a 8 sílabas.
Claro que uma trova deve ter um sentido lógico, contido nesses quatro versos.
Os sonetos já são um tanto mais complexos. Devem
ser formados por 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, com
os versos sempre rimando alternadamente.
Versos, são as sentenças que compõe uma poesia, e
estrofes, são os conjuntos de versos.
Poetrix, são poesias com apenas três versos,
formando um sentido lógico. Não é exigível apresentar rima, mas sempre ficará
mais artística uma rima. Podem ser concisas a ponto de apenas 3 palavras
formarem um poetrix, desde que contenham um sentido lógico.
Repente, é uma poesia popular, composta de momento,
sob um tema apresentado ao repentista, que deve ter muita rapidez de
raciocínio, para desenvolver um tema assim, de surpresa, e no momento.
Desafio, é uma espécie de duelo entre dois
repentistas. Vence aquele que disser uma quadrinha que não encontre resposta de
seu “adversário”.
E ainda podemos falar de outros tipos de poesia,
como haikai, minimalistas, aldravias, e outros meios de se exercer a imaginação
poetal.
Dito isto, desejo a todos boa sorte em suas prosas
e poesias, e UM LINDO DIA.
Marcial
Salaverry
*TEXTO PUBLICADO EM 11/03/2005, PARA O DIA DA POESIA.
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